Câmara dos deputados aprovou nesta quarta-feira, 9, indenização para a reconstrução da sede das entidades estudantis no RJ. Agora é com o Senado!
A Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania aprovou nesta quarta-feira, 9, em caráter conclusivo, o Projeto de Lei 3931/08, que vai permitir a recuperação do prédio-sede da União Nacional dos Estudantes (UNE) e da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES) que existia na Praia do Flamengo, 132, no Rio de Janeiro.
"A reconstrução da sede da UNE e da UBES é mais um vitória dos estudantes e da democracia brasileira", comemora Augusto Chagas, presidente da UNE que demonstra entusiasmo para batalhar ainda mais pela aprovação também no Senado. O PL reconhece a responsabilidade do Estado brasileiro pela destruição do imóvel, em 1964. A indenização é a primeira anistia concedida à Pessoa Juridica por conta de atos da ditadura militar.
Para o presidente da UBES, o Estado brasileiro tem buscado fazer justiça àquelas pessoas que tiveram, de certa maneira, sua trajetória de vida interrompidas pela ditadura militar."A reconstrução de nossa sede representa o símbolo maior na construção de um pais mais democrático e justo com seu povo”, complementou Ismael Cardoso.
Agora, o Projeto será encaminhado ao Senado. "Vamos fazer de tudo para que ele tenha o mesmo reconhecimento que teve na Câmara, onde foi aprovado por unanimidade em todas as comissões", declara Marcela Rodrigues, diretora de Relações Institucionais da UNE que completa: "a vitória marca a história da reconstrução da UNE, iniciada há mais de trinta anos, ainda no período da ditadura militar".
O relator, deputado Márcio França (PSB-SP), recomendou a aprovação da matéria com emenda da Comissão de Educação e Cultura. A emenda torna obrigatória, e não apenas opcional, a participação de representantes da Câmara dos Deputados e do Senado nas atividades da comissão prevista no projeto.
Histórico
A UNE e a UBES dividiam a sede na Praia do Flamengo desde 1942. O local foi um dos primeiros alvos do golpe militar de 64, incendiado e saqueado em 1º de abril daquele ano. Em 1980, a sede foi demolida. Em abril passado, uma frente parlamentar suprapartidária fez ato no Salão Nobre da Câmara pela reconstrução do prédio da UNE, que já conta com projeto de Oscar Niemeyer para o edifício de nove andares que será construído na área.
Fonte: Agência Câmara
quinta-feira, 10 de dezembro de 2009
Cariri: um todo de uma parte ou uma parte de um todo
5 de dezembro de 2009 by Alexandre Lucas ·
Por Alexandre Lucas*
O Cariri é um misto de confluências de cores e cultos, reduto de engenharia artística em que as engrenagens são movidas pelos fazeres e pensares populares e contemporâneos.
No Cariri a maquina humana bebe do passado e do futuro para alimentar a alma presente. Aqui é terra firme aonde pousam o soldadinho da chapada e os pássaros mecânicos, em que em que a tecnologia de ponta convive com o ferro de passar a carvão. O Cariri perpassa caminhos do autoflagelo marcado pelo catolicismo popular e das profanas músicas da indústria do embrutecimento cultural.
Pelas ruas das cidades temos os contrastes. Temos o budega e o Shopping Center, os possuidores e os despossuidores Temos a vida circulando, num tempo que não pára.
A região tem raízes fincadas numa realidade concreta que indiscutivelmente é associada à confluência da vida, aos intercâmbios, os embates e as influências do campo econômico, geográfico, cultural e social, num continuo processo dialético.
O Cariri não tem formato fechado, pelo contrário tem culturas e artes que são históricas e sociais, como é qualquer outra parte do mundo.
O Cariri não pode ser visto como um fragmento isolado dentro de uma totalidade, mas compreendido como parte entranhada desta totalidade, recheada por antagonismos e confluências nos mais diversos aspectos.
Em tempos de globalização, o processo e as formas de produção e reprodução da existência humana, ocorre numa velocidade quase que instantânea e não estamos inertes a esses acontecimentos.
É deste Cariri do campo e da cidade, da indústria e da oficina de fundo de quintal, do operário e do empresário, da Igreja Católica e dos terreiros das religiões de Matriz Africana, das brincadeiras populares, do imaginário que se mistura com o real, da diversidade e da pluralidade que nos alimentamos.
No entanto é preciso atentar para não caímos no discurso apaixonado que nos coloca distante da realidade e nos encaixota regionalmente. O Cariri é uma região da cultura com suas peculiaridades, como qualquer outra localidade aonde existem homens e mulheres, pois somente com seres humanos é possível se produzir cultura.
A produção simbólica do nosso povo não se fixa no tempo, ela acompanha os acontecimentos, através de sobressaltos, vagarosidades e instantaneidades. As manifestações simbólicas e artísticas permeiam-se dentro do motor da realidade.
A comunhão das danças profanas e sagradas, as vestes dos brincantes, o cordel, as formas de organização dos grupos, os fazeres contemporâneos e populares não são eternos na sua forma original sofrem influências do tempo e do espaço, assim como também acontece com a grande indústria da cultura.
Pensar o Cariri em termos de arte e de cultura como algo eterno e puro é desalojar a capacidade produtiva e criativa do nosso povo. No esmeril da construção humana sofremos uma lapidação de acréscimos, hibridismos e de reinvenção da vida.
No entanto precisamos comer com voracidade a história do nosso povo Kariri, a plural e diversificada produção dos habitantes desta terra e o que a humanidade já produziu e produz, como fez o grande poeta comunista Antônio Gonçalves da Silva, o Patativa do Assaré que se alimentou da realidade dos oprimidos e explorados do Cariri e da história da humanidade para produzir os seus versos afiados com regionalidade e universalidade.
*Coordenador do Coletivo Camaradas, pedagogo e artista/educador.
Por Alexandre Lucas*
O Cariri é um misto de confluências de cores e cultos, reduto de engenharia artística em que as engrenagens são movidas pelos fazeres e pensares populares e contemporâneos.
No Cariri a maquina humana bebe do passado e do futuro para alimentar a alma presente. Aqui é terra firme aonde pousam o soldadinho da chapada e os pássaros mecânicos, em que em que a tecnologia de ponta convive com o ferro de passar a carvão. O Cariri perpassa caminhos do autoflagelo marcado pelo catolicismo popular e das profanas músicas da indústria do embrutecimento cultural.
Pelas ruas das cidades temos os contrastes. Temos o budega e o Shopping Center, os possuidores e os despossuidores Temos a vida circulando, num tempo que não pára.
A região tem raízes fincadas numa realidade concreta que indiscutivelmente é associada à confluência da vida, aos intercâmbios, os embates e as influências do campo econômico, geográfico, cultural e social, num continuo processo dialético.
O Cariri não tem formato fechado, pelo contrário tem culturas e artes que são históricas e sociais, como é qualquer outra parte do mundo.
O Cariri não pode ser visto como um fragmento isolado dentro de uma totalidade, mas compreendido como parte entranhada desta totalidade, recheada por antagonismos e confluências nos mais diversos aspectos.
Em tempos de globalização, o processo e as formas de produção e reprodução da existência humana, ocorre numa velocidade quase que instantânea e não estamos inertes a esses acontecimentos.
É deste Cariri do campo e da cidade, da indústria e da oficina de fundo de quintal, do operário e do empresário, da Igreja Católica e dos terreiros das religiões de Matriz Africana, das brincadeiras populares, do imaginário que se mistura com o real, da diversidade e da pluralidade que nos alimentamos.
No entanto é preciso atentar para não caímos no discurso apaixonado que nos coloca distante da realidade e nos encaixota regionalmente. O Cariri é uma região da cultura com suas peculiaridades, como qualquer outra localidade aonde existem homens e mulheres, pois somente com seres humanos é possível se produzir cultura.
A produção simbólica do nosso povo não se fixa no tempo, ela acompanha os acontecimentos, através de sobressaltos, vagarosidades e instantaneidades. As manifestações simbólicas e artísticas permeiam-se dentro do motor da realidade.
A comunhão das danças profanas e sagradas, as vestes dos brincantes, o cordel, as formas de organização dos grupos, os fazeres contemporâneos e populares não são eternos na sua forma original sofrem influências do tempo e do espaço, assim como também acontece com a grande indústria da cultura.
Pensar o Cariri em termos de arte e de cultura como algo eterno e puro é desalojar a capacidade produtiva e criativa do nosso povo. No esmeril da construção humana sofremos uma lapidação de acréscimos, hibridismos e de reinvenção da vida.
No entanto precisamos comer com voracidade a história do nosso povo Kariri, a plural e diversificada produção dos habitantes desta terra e o que a humanidade já produziu e produz, como fez o grande poeta comunista Antônio Gonçalves da Silva, o Patativa do Assaré que se alimentou da realidade dos oprimidos e explorados do Cariri e da história da humanidade para produzir os seus versos afiados com regionalidade e universalidade.
*Coordenador do Coletivo Camaradas, pedagogo e artista/educador.
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